Amigos.
Pouco. Bem pouco se escreve a respeito de amigos.
Amigos verdadeiros e saudosos.
Que um dia formaram um forte elo.
Fizeram um mundo mais feliz.
Mais humano.
Um pouco melhor.
Levavam a força do sorriso e fizeram dele seu estandarte.
Entre abraços e lágrimas havia uma comunicação forte.
Ouviam o que só os bons amigos conseguem falar com os olhos.
Com leves acenos.
Um olhar apenas.
Nesta face estava inscrito: "Eu sou leal!"
Esse era o brilho especial do amigo.
Que tantas vezes olhava o futuro com alegria.
E repetia a si mesmo:
"Mesmo muitas àguas não são capazes de extinguir o amor,
nem podem os próprios rios levá-los de enxurrada."
Agora, essas palavras vão e vem num labirinto e amaranhados de pensamentos confusos.
As àguas vieram transbordantes.
Tudo parecia confuso e incerto.
O mundo como que girava.
Pensamentos confusos.
Bandeiras de guerra.
Criaturas voavam com som sibilante e o céu estava cheio de raios.
Parecia tudo real, até que um estrondo trouxe a realidade de volta.
A tarde estava escura.
Pesadas nuvens desabavam num aguaceiro sem fim.
A enxurrada arrastava folhas, entulho, lixo...
Pela janela a chuva parecia tão calma
E a enxurrada lembrava os grandes amigos que estavam agora distantes.
Tão distantes no tempo,
Incrustados no passado.
Como jóias que nunca perdem o valor...
E nunca perdem o brilho...
Apesar de passar o tempo.
Dias e dias.
Meses a fio.
Anos longínquos.